Hoje é um deles. É o dia de fechar a mão e guardar o tesouro que alguém nos deixou. A sua marca aqui. Porque há quem parta cedo demais e se vá embora, de asas abertas, deixando um rasto de luz sobre este planeta minúsculo que nos serve de casa. Uma cúpula batida pelo sol da manhã, ainda sem queimar, mas vivo o suficiente para nos despertar os olhos da escuridão. Por cada coração tocado, por cada lágrima que fez despontar, por cada vez que nos fez querer ser pessoas melhores, por cada segundo do nosso tempo que lhe oferecemos em oração ou em solidariedade, um obrigada. Ou um obrigado. A estrela está pousada na palma da nossa mão. Com o seu brilho contínuo a iluminar-nos os rostos fechados, a chamar mais lágrimas para que nos limpemos por dentro, esvaziando-nos de comoções e dores. Há que cuidar dela, sem esquecermos que ali está sempre. Cuidar deste e de outros seres luminosos. Como a estrela imaginária que dorme todos os dias na almofada dos nossos filhos, que os guarda noite dentro, lhes adoça os sonhos e lhes sopra coisas boas ao ouvido, quem sabe tornando-os nos heróis de amanhã. Nos heróis de alguém. Que este mundo bem precisa de pessoas boas e sólidas. De pessoas que nos façam ter esperança, mesmo quando a sua viagem terrena parece acabar mal. Há quem, com pouco mais de uma mão cheia de anos nos dê verdadeiras lições de resiliência, de humildade e de coragem. Com meia dúzia de anos vividos, mudam qualquer coisa no mundo. Há quem se vá embora, ainda pequenino, deixando muito mais do que outros que vivem a vida toda entre a trincheira e a arma inimiga. Aqueles que nunca terão a coragem de fazer mais do que aquilo a que a sua própria sobrevivência obriga.
UM RAIO DE LUZ
Sem comentários:
Enviar um comentário